5.4.09

Banda de oportunidade

Usei o termo há um tempo para designar certo momento da Quântica. Os meninos haviam saído de Irará com a proposta de se tornar uma banda de pop-reggae.

Saíram, tentaram, andaram mundo, mas os acontecimentos não se deram conforme os seus desejos. Então, entraram no momento citado.

Sem alcançar as metas pretendidas passaram um período “atendendo à pedidos”. Se o contratante quisesse uma banda de axé, lá iam eles tocar axé. Se era época de São João; lá estavam tocando forró. E se a onda é salsa? Nada melhor do que se remeter ao semba de Angola, país africano onde passaram uma temporada.

Quântica tocando axé na Lavagem de Irará 2005
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O projeto Quântica não seguiu. Nem da forma inicialmente pensada, nem no modo “banda de oportunidade”. Houve quem apontasse a falta de identidade do grupo para com um gênero especifico como um dos motivos do insucesso. Não é novidade que, enquanto estrelas individuais, todos eles eram (e são) possuidores de talento indiscutível.
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A lembrança daquele momento da Quântica me vem agora, quando nos aproximamos dos festejos juninos. É incrível o que me aparece de “banda de oportunidade”. E, possa crer, aquele grupo de axé ou pagode do último verão também se tornará uma banda de forró.
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Claro, por mais que possam ter qualidade de músicos e o som possa agradar, soa algo de falso nesses grupos. Falta a identidade, a pegada, o traquejo com o gênero, o respeito ao próprio trabalho artístico (se é que se pode chamar assim).
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Grupos dessa natureza estão fadados ao desconhecimento. Provavelmente nunca serão reconhecidos como nada. Na ânsia de ser tudo; “nada” é o que eles acabam sendo.
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O que querem afinal?
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O que todos querem, acredito, é uma chance, uma ponta de aparição, uma banda de oportunidade. Pra mostrar a sua arte? Não. Pra ganhar dinheiro, um pouco de fama e entrar no showbusines, talvez. Há muito que música virou negócio por aqui.
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foto: "tomada de emprestimo" em www.irara.com