7.11.11

Na torcida pelo revolucionário “Cara de Gato”

Há algum tempo tenho uma inquietação com a Filarmônica 25 de Dezembro. De modo algum, querer questionar o talento dos músicos, a função sociocultural da banda para o município, a sua força e tradição ou qualquer outra das suas características, já muito conhecidas de todos nós iraraenses. A problematização é outra. 

Não raro, ouvimos elogios de pessoas sobre o papel formador da Filarmônica de Irará. São muitas falas acerca do engrandecimento e do caráter profissionalizante da banda para os nossos jovens. Tudo isto é digno, verdadeiro e respeitável. 

A coisa começa a perder um pouco do “glamour”, quando são ditos os exemplos para justificar este traço da banda: “Fulano hoje toca com Ivete!”; “Beltrano tá na banda de Ninha”; “Cicrano é músico de Claudinha Leite”; e “Aquele outro tá no naipe de sopro do Calcinha Preta”.  

Formar mão de obra para estrelas da axé-music ou bandas do circuito massivo é o melhor que a banda pode oferecer?

Sempre acreditei que não. E, ao mesmo tempo, me questionava porque músicos estudam música arduamente, para se dedicarem quase que exclusivamente a tocarem canções para as quais, imagino, não é necessário tanto estudo ou dedicação. 

Por que da Filarmônica local não sai um grupo de jazz? Por que de lá não se origina um quarteto, quinteto, sexteto ou qualquer outro formato de grupo musical que flerte com ritmos como a MPB ou a World Music? Por que não temos um grupo residente de chorinho na 25 de Dezembro? 

Levantei estas questões outro dia na mesa do bar de Didi. Estava diante de ninguém menos do que o novo maestro da 25 de Dezembro. Eu passava por ali, quando cumprimentei Marcelo de Aniceto. Após mostrar para ele rapidamente uma versão avassaladora de 2001 de Tom Zé, gravada em 1969 por Gilberto Gil, ele convidou-me a sentar. Na mesa, além dele estavam o maestro, Didi e Grujó, este, assim como Marcelo, também músico da 25. 

A conversa na mesa foi música, é claro. Estava recente a morte da cantora britânica Amy Winehouse. Didi falou das influências que ela teve da música negra americana. Pus o som de Amy pra tocar e os músicos logo identificaram para mim o som do sax barítono. Era aquele cuja sonoridade eu tinha observado como “envolvente”. 

Foi ao longo desta conversa e outras sobre grupos e estilos musicais, que perdi qualquer receio e lancei as perguntas ao maestro. Quer dizer; maestro não. “Cara de Gato!”. Era assim, como também é conhecido, que ele queria ser chamado. Nada de “Maestro” ou de “França”, seu nome de batismo.

Para minha surpresa, “Cara de Gato” não só aceitou as provocações como também discorreu sobre o assunto. Ele me falou, entusiasmado, de uma filarmônica pra frente, flertando com clássicos da MPB e outras grandes músicas do mundo. Contou-me algumas ações que já vinha desenvolvendo na banda. Depois, mostrou-me, através de seu notebook, gravações da 25 tocando “Let it Be” dos Beatles e outras boas canções.

Entre uma conversa e outra, uma música e outra, eu fui ficando esteticamente tocado com tudo o que ouvia. Empolgado, saquei o celular e mandei um sms para dois amigos: “Agora em entrevista com o homem que vai revolucionar a 25!”. Como tem sido a regra na chamada era digital, era preciso “compartilhar” aquele momento. 

O que chamei de revolução não seria só com os músicos e o repertório. Anteriormente, Marcelo havia me revelado que antes de começar os tradicionais ensaios da 25 de Dezembro, “Cara de Gato” fica em frente a sede da entidade e pega as pessoas pelo braço, convidando-as a assistir o ato musical. 

Dia desses, eu fui ao ensaio da Filarmônica. Lá pude conferir presencialmente o maestro em ação. Sabe aquela visão de um homem a frente de uma banda, gesticulando ou com uma batuta de um lado para o outro? Esqueça! “Cara de Gato” é performático. 

Sons com a boca, bailados e batidas com a mão no próprio corpo, integram o repertório do maestro. “Na apresentação ele interage bastante com o público” me revelou Diógenes Barbosa, presidente da 25. E dava para imaginar. 

O presidente depois me questionou: “Você já viu uma filarmônica tocar reggae?”. Nem deu tempo para responder. Naquele momento a 25 de Dezembro já iniciava os acordes de “Is this Love” de Bob Marley.

Gostei muito dos metais tocando o som do ícone jamaicano da música. Imaginei um contrabaixo e uma guitarra em harmonia com aquele coro... Pedi calma para mim mesmo. “Afinal a banda hoje já tem mais percussão, você também quer cordas?”. Assim acrescenta-se piano e estaremos a caminho de uma orquestra...

Ao final do ensaio o maestro me perguntou. “Tá bom?”. Respondi que sim e ele me disse que: “Ainda vai ficar”. 

Saí da sede da filarmônica com boas perspectivas. Espero que as ações de “Cara de Gato” possam dá um ânimo aos nossos músicos e oxigenar o cenário da música no município. Que essa silenciosa revolução barulhenta possa vingar. Que seja valorizada a diversidade musical e nossas bandas e rádio comunitária possam ter um repertório para além de dois ou três gêneros musicais. 

Estamos na torcida! 

10 comentários:

Kitute disse...

Ró, sempre carreguei as mesmas frustrações e questionamentos em relação a filarmônica e sempre perguntava a Tonhão, Lucimário, Lubão e os outro músicos mais chegados. "PorQ vcs ñ formam grupos de jazz, choro e MPB?" rsrs, fiquei até emocionado lendo seu texto man, porQ é isso mesmo. Mas fui respondido pelo mesmo Cara de Gato numa sexta a noite subindo distraido pela rua, de repente me sai os acordes de Is This Love de Bob invadindo a rua, pela janela da Filarmônica sério mesmo véi, fiquei doidin com aquilo e ñ me fiz de rogado. Corri pra lá e esperei o final da execução da música e entrei aplaudindo a bela apresentação, mesmo Q num ensaio. Sgt. Lelê logo riu e gritou: "Aí vc gosta né Tute?rsrs", respondi: "2 coisas Q eu amo, Bob Marley e 25 de Dezembro!". Ainda brinquei com Grujó: "Tá feliz tb né Gruja?"kkkk. E o maestro foi logo me convidando pra esperar o fim do ensaio e a gente tomar uma cervejinha de pois do ensaio, rsrsrs. Dessa vez ñ pude, mas disse a ele Q vamos sim tomar essa bia. Saí de lá com a mesma sensação sua Ró. Algo de novo e mto bom pode estar realmente acontecento. Torço mto tb!!!

SERGIO CABELERA disse...

QUE INVEJA!!!! EMBORA NÃO SEJA MUITO DADO A TAIS SENTIMENTOS... ESSAS NARRATIVAS DESPERTAM "OS MAIS SOMBRIOS BRIOS" DE MINH'ALMA!

VAMOS AOS ENSAIOS INCENTIVAR E INCLUIR TB TOM ZÉ E RÉ-NATO E CECI!!!!

Anônimo disse...

ESSE DOMINÓ É PRA QUEM SABE, QUEM DERA EU TER O DOM PRA SENTAR NESSA MESA.
PARABENS GALERA,

MERCINHO

Anônimo disse...

olá.
falar assim é fácil, mas sou músico também e acho injusto essa colocação.
cada um tem buscar o seu melhor. pergunto a você se você trabalharia de forma voluntaria sem ganhar nada? porque querer que os músicos não var ganhar a vida em bandas que pagam pelo bom trabalho executado por eles é meio injusto. quem é que iria pagar o cachê deles se montassem um grupo de jazz em irará? como iam se sustentar? quem pagaria um cachê a Gigi, compatível ao que Ivete paga? você? acredito que não se candidataria... acredito que musica pra eles é profissão e não hobby, diversão. quem trabalha de graça é relógio!!

Roberto Martins disse...

Olá Sr. Anônimo -

As resposta para o seu comentário estão no post do link abaixo.

abs!

http://www.roberto-martins.blogspot.com/2011/11/em-resposta-um-comentario-no-texto.html

fernando barreto disse...

Caro Roberto Martins.
Sou um dos pioneiros da Filarmônica a enfrentar um vestibular na área de Artes e terminar o curso ainda que com muita dificuldade, pois as coisas aqui não são fáceis.
Procurei na platéia onde estava o Roberto Martins no dia do concerto comemorativo de Natal e não o encontrei da mesma forma que também não encontrei a minha velha, gloriosa e saudosa Banda de música campeã por varias vezes em diversos concursos. Formadora de grandes talentos e o mais importante, uma instituição formadora de cidadãos preocupados com a manutenção da entidade e do respeito com o próximo.
Não se iludam com os aplausos que a pequenina platéia usou para bonificar a música de Bob e nem as demais, muito menos com os comentários prévios sobre o seu blog. Infelizmente a nossa cidade não tem um devido cuidado com a arte e muito menos com as pessoas que a fazem. Estamos perdendo a nossa identidade cultural se é que ainda temos, pois todos os canais midiáticos estão simplesmente fortalecendo as musicas de apelo pejorativo e depreciativo. Porque todos valorizam o reggae o jazz a balada onde estão os nossos movimentos bumba-meu-boi, chegança, samba de roda, a fanfarra que era uma das maiores incentivadoras de novos músicos talentosos como Cícero entre tantos outros.
Nós temos o maior repertório musical de toda Bahia com diversos estilos musicais e grau de dificuldade variado. Quando criança eu saia atrás da banda um dia você já fez isso? A Filarmônica hoje é um seleiro de muita vaidade e egocentrismo e de panelinhas internas que você nem imagina. Acho, no entanto, que você deveria vivenciar diariamente as dificuldades enfrentadas pelo maestro principalmente no quesito: material humano e comprometimento pessoal com a Banda, não criem grandes expectativas no entorno de um novo maestro com postura vibrante no seu modo reger um tanto quanto exibicionista.
Na minha formatura tive o prazer de ter a filarmônica tocando sob a regência de Leandro Maciel e nesse momento eu queria que todos que ali estiveram tocando ou assistindo pudessem criar expectativas melhores para suas vidas através da música e que algum dia pudesse fazer o que fiz e tenho a certeza que deu certo. Diariamente encontro com filhos da terra e logicamente filhos da 25 nos corredores da faculdade. Espero que você e todos que leiam esse comentário entendam que a nossa Filarmônica está vivendo do nome que foi fortalecido ao longo de quatro décadas sob direção do Dr. Deraldo Campos Portela e do apoio de uma pequenina parte da comunidade. Você sabia que o grupo de flauta doce de Pedrinho forma melhor e maior numero de alunos? Em um tempo não muito distante os pais tinham a certeza que seus filhos estavam aprendendo uma singela arte, a arte de fazer música e que dali poderia sair com um emprego em qualquer instituição militar. Onde estão esses pais a que me refiro? Onde estão os responsáveis pela falta de comprometimento com o bem de todos? A Filarmônica 25 de Dezembro é o maior patrimônio de nossa cidade, pelo menos eu considero.

Roberto Martins disse...

Olá Fernando Barreto!

1 - Primeiro o parabenizo por estar entre os “pioneiros da Filarmônica a enfrentar um vestibular na área de Artes e terminar o curso”. E parabenizo também pela conclusão do seu curso. Sei de algumas das dificuldades de concluir um curso superior. Também conclui um. Graduei-me em Comunicação Social, na mesma universidade onde você concluiu o seu curso de música.
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Inclusive, no dia do seu recital de formatura, eu estava numa sala ao lado do Salão Nobre da Reitoria. Na época estagiava na Assessoria de Comunicação da Universidade. Infelizmente, não pude acompanha-lo, estávamos na hora de fechamento do noticiário que abastecia o Portal da UFBA. Quando o trabalho foi terminado, o recital já havia estava encerrado.
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2 - Sinto-me feliz por ter me procurado e sentido a minha falta na plateia do concerto natalino da 25 de Dezembro no Natal de 2011. E até acho que isto é um pouco efeito do modesto texto de torcida que escrevi para o “revolucionário Cara de Gato”.
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Imagine você que eu já assisti alguns concertos Natalinos da 25, onde eu e alguns outros poucos conhecidos éramos os únicos presentes, além dos músicos é claro. Nestas oportunidades, ao que parece, poucos davam conta da minha presença.
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No ano de 2010, já com o Portal Iraraense em funcionamento, cheguei a documentar o concerto, onde, além da família de Dr. Deraldo, eu era um dos pouquíssimos presentes. (veja noticia do evento através do link - http://www.iraraense.com.br/noticias/geral/213/Filarm%C3%B4nica+faz+concerto+natalino+em+frente+a+sua+sede+ e fotos através do link - http://www.iraraense.com.br/fotos/19/Noite+de+Natal+em+Irar%C3%A1+2010+ ) Engraçado, não me lembro de músicos citarem ou exaltarem a minha presença ou, ao menos, qualquer menção a cobertura do evento que estava fazendo.
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No entanto, você não é o primeiro músico a citar a minha ausência no concerto Natalino da 25 de Dezembro do ano de 2011. Como já disse a alguns, naquela mesma data eu estava envolvido na produção do Evento Natalino – Noite Feliz. Foi uma Festa realizada na AABB, para a qual, imagine você, justamente no horário do concerto da 25 de Dezembro, eu estava totalmente envolvido e responsável com a parte mais complicada da mesma, a financeira (além de outras).
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Naquele mesmo horário do concerto eu estava labutando com prestações de contas de comissários, conferindo receita x despesas, fazendo ajustes para abrir bilheteria, acerto para pagar banda antes de subir no palco, dentre outros a fazeres, os quais ocasionaram a minha ausência do Concerto. Fiquei muito sentido em não poder assisti-lo. Ainda mais aquele, conduzido pelo Cara de Gato, no qual eram esperados mudanças.
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Contudo, pelo que vejo, por conta daquele texto de expectativas quanto ao trabalho do Cara de Gato, parece que para alguns eu não poderia faltar àquele Concerto de forma alguma. É como se, porque eu escrevi aquele texto, agora fosse fortemente obrigado a estar presente a todos os concertos e viver dentro da Filarmônica.
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As recorrentes perguntas pela minha ausência até parecem soar como provocação do tipo: “ele critica, mas nem sequer aparece no concerto”. Ao que tudo indica aquela escrita me levou da condição de “presente despercebido”, para a de “ausente notado”. Nem sei dizer, se isso é bom ou é ruim.
Quero pontuar que, mesmo ausente, não deixei de registrar o concerto. Contei com a colaboração de amigos que estavam presentes e divulguei relatos deles sobre o evento no Portal Iraraense (veja link - http://www.iraraense.com.br/noticias/geral/753/Filarm%C3%B4nica+25+de+Dezembro+inova+na+sua+Tradicional+Retreta+de+Natal )

Roberto Martins disse...

continuando...
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3 - Ao contrário do que você possa pensar, não estou iludido com o trabalho que vem sendo feito na Filarmônica. Sei que o caminho é difícil, complicado e doloroso. Entretanto, para mim o trabalho do Cara de Gato é uma grande centelha. Uma esperança.
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Pessoas de dentro da Filarmônica me falavam que os músicos andavam desmotivados. Já me disseram até que, com um repertório repetitivo, os músicos sequer sentiam disposição para estudar seus instrumentos ou participar de concertos.
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Diante destas informações acho válido, e muito válido, o trabalho do novo Maestro. E acho até que ele pode experimentar ainda mais.
Concordo com você, temos de ir na contra-mão da grande mídia quando ela valoriza as músicas de “apelo pejorativo e depreciativo”.
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Por isso, acho super pertinente a sua queixa. Além do jazz, do reggae, e da balada, vamos colocar também no repertório da filarmônica “os movimentos de bumba-meu-boi, chegança, samba de roda” e “fanfarra”, entre outros, antes fortemente vividos pelos iraraenses. Você já experimentou sugerir isto ao maestro? Se ele acatou algumas das provocações de um simples jornalista free lancer como eu, imagine as de um músico graduado e prata da casa, como você?

4 – A 25 de Dezembro é um orgulho de todo iraraense. E, acredito, isto não acontece só pelas qualidades inquestionáveis da banda, como algumas as quais você mesmo citou a exemplo do “músicos talentosos” e “o maior repertório musical de toda Bahia com diversos estilos musicais e grau de dificuldade variado”. Mas, também, pela própria relação visceral que o iraraense tem com a “nossa banda”.
Assim como você, eu e muitos dos meus amigos, da minha geração, já “saímos atrás da banda”. Não só como criança, mas até mesmo quando adultos (aqui vai o link das fotos de outro momento no qual eu saí atrás da banda – foi 07 de Setembro de 2010 - http://www.iraraense.com.br/fotos/13/07+de+Setembro+de+2010+ ) . Na época de menino, se não podia sair, ao menos ia à frente da casa para, assim como a moça na janela de Chico Buarque, ver a banda passar.
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A mim não importava se a visibilidade era de uma esquina longínqua, pelo fato da banda não passar na minha rua.

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5 – Lamento e me sinto entristecido por, como você diz, a Filarmônica ser “um seleiro de muita vaidade e egocentrismo e de panelinhas internas”. Estes são problemas de muitos agrupamentos humanos, sobre os quais, no caso de estarem acontecendo na Filarmônica, a diretoria e os próprios músicos devem se conscientizar dos mesmos e terem a vontade de resolvê-los.
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Para daí então buscarem alternativas, fazerem autoanalise grupal, contarem com a intervenção de profissionais especializados, como psicólogos ou outros, no intuito de resolver os seus problemas corporativos.


segue no próximo...

Roberto Martins disse...

continuação
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6 – Infelizmente, como já dito em outro texto, não tenho condições e nem possibilidades de “vivenciar diariamente” os problemas da Filarmônica. Acredito que nem mesmo todos os músicos ou pessoas da diretoria os vivenciam completamente.

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De fato, é difícil conseguir “comprometimento pessoal” e “material humano” para instituições filantrópicas como a Filarmônica 25 de Dezembro. Todos nós, infelizmente, por questões de sobrevivência, estamos cada vez mais sem tempo para ocupações às quais não garantam o nosso sustento.
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São chagas do sistema, diante das quais verdadeiros guerreiros, como Dr. Deraldo e alguns outros, entre os que fazem e fizeram esta instituição funcionar por 58 anos ininterruptos (completados agora neste mês de março), lutam bravamente. E, pode crer! Eles conseguem ter algumas importantes vitórias. São destas pessoas o “material o humano” e o “comprometimento” que a 25 pode contar.
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7 – Não. Não é que estamos criando “grandes expectativas” diante do trabalho do maestro. Com dito acima, sabemos que esta contribuição é só uma centelha. Não se trata de “polianismo”. Temos consciência que a centelha pode ficar e que ela corre o risco de se apagar também. Contudo, neste momento, ela deixa permanecer acesa a chama da esperança. Ela motiva os corações e mentes. Ela ilumina a possibilidade de um futuro melhor, quando nos lembramos que é de centelha em centelha que se pode começar um fogaréu.
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Por isso, reforço que para mim, as mudanças que percebi na Filarmônica com o novo maestro foram uma ponta de esperança. Por isso é que falei que eu estava “na torcida” por ele. Afinal, os processos de transformação, por vezes acontecem aos poucos (de centelha em centelha).
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Assim como você Fernando. Um dia, sua iniciativa de ser um dos primeiros egressos da 25 de Dezembro na Escola de Música de UFBA foi uma centelha. Hoje, diante do seu exemplo, existem vários outros iniciados na 25 de Dezembro que estão “incendiando” aquelas salas, onde nomes como e Koellreuter, Smetak e Widmer já lencionaram e onde o nosso glorioso Tom Zé foi estudante.

continua no próximo ...

Roberto Martins disse...

continuação ...

8 – Não sabia que o Flauta Doce forma melhor e em maior número do que a Escolinha de Música da Filarmônica. Se assim o for, eu acredito que também o é não só por demérito da escolinha, mas acredito que também seja por mérito do guerreiro e destemido Pedrinho, na sua luta e dedicação aos meninos do grupo e da diretoria. Agora, se a escolinha tem problemas é preciso encontrar meios de resolvê-los. Afinal, temos a esperança também de que os próprios meninos do Flautinha amanhã sejam músicos da 25.
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Não sei se você tem conhecimento, mas o Flauta Doce é um grupo mantido dentro da Filarmônica através do projeto Ponto de Cultura da Bahia e, entre outras participações, nós tivemos alguma contribuição no caminho para a 25 integrar este programa. Talvez eu, este simples jovem filho de Irará, que faltou no concerto natalino da 25 de Dezembro em 2011, esteja na “pequenina parte da comunidade” que apoia a 25, a qual você se referiu.
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9 – O mundo tem se transformado e junto com ele as pessoas também. Nesta seara estão todas as relações humanas, entre elas, o comportamento de país para com filhos. São problemas e males da nossa sociedade como um todo. Infelizmente eles afetam todas as áreas, por isso, dentro deste contexto, eu não saberia lhe explicar, onde estariam os pais que viam na música um futuro para seus filhos. Assim com também não teria como lhe dizer “onde estão os responsáveis pela falta de comprometimento com o bem de todos”. Estes são problemas sociológicos, talvez globais, que também envolvem a “nossa filarmônica” e todas as instituições e pessoas do mundo.
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Há algum tempo acreditava que era preciso um grande trabalho de política cultural para deslocar Irará um pouco deste cenário. Hoje vejo que para ter este trabalho talvez precisaríamos melhorar a cultura política do município primeiro. E pelo, que vejo, isto ainda está muito distante da nossa realidade.
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10 - Por fim, gostaria de dizer que a minha esperança e torcida pelo Cara de Gato, não é, de forma alguma, um desmerecimento a outros maestro que passaram pela 25, principalmente para com o Maestro Leandro Maciel, pessoa que admiro, respeito e com quem nutro uma relação muito cordial. As minhas palavras, as quais reitero, foram reflexos de preocupações, inquietações, anseios, perspectivas e desejos de um futuro promissor para esta grande instituição que é um patrimônio da nossa gente, como você mesmo nos lembra.
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Sempre na torcida para que ela seja um catalisador de cultura em Irará. Que possa continuar formando “grandes talentos”; que possa se firmar e seguir na sua condição de “instituição formadora de cidadãos preocupados com a manutenção da entidade e do respeito com o próximo”; possa se aprimorar e voltar a ganhar concursos, enchendo de orgulhos a todos os iraraenses. E que muito além de gerar empregos em bandas de música popular ou em “qualquer instituição militar”, possa ser também uma das molas propulsoras para a transformação (para melhor é claro) sócio cultural que nossa cidade precisa.

Abraços!